Retratar adolescentes e jovens
na busca por aceitação nos ambientes acadêmicos e escolares é quase um
subgênero do cinema norte-americano. Filmes em que o protagonista sofre por
alguma característica ou trauma, e não consegue se enturmar devido à
mentalidade fechada, estão cada vez mais corriqueiros e comuns nas telas,
escancarando as realidades de muitos jovens da sociedade de atualmente.
O trio de As Vantagens de ser Invisível
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O drama “As
Vantagens de ser Invisível” (The
Perks of being a Wallflower, 2012) -
adaptação feita por Stephen Chbosky de seu próprio livro, com o mesmo nome - apresenta
a vida de Charlie (Logan Lerman), um personagem que encontra dificuldades para
se enturmar nos primeiros dias de ensino médio.
A batalha pela aceitação começa a tomar novos rumos após conhecer
Patrick (Ezra Miller) e Sam (Emma Watson), meios-irmãos que também estão
alternativos ao estereótipo dos adolescentes de escolas norte-americanas. O grupo – formado por um garoto de bom coração
mas sensível às questões cotidianas, uma garota autêntica e independente, e um
jovem homossexual que luta contra o preconceito enquanto trabalha a própria
identidade – passa a trama vivendo diferentes cenários, que permitem as
primeiras experiências para os personagens. Por terem situações de exclusão
muito particulares, porém convergentes, o grupo se une rapidamente, e se torna
o apoio que cada um tem em um ambiente de preconceito e de difícil adaptação.
Embora
mais comuns, os roteiros relacionados à identidade sexual não são os únicos a
trabalharem aceitação e preconceito. “Terri” (2011), do diretor Azazel Jacobs,
apresenta um garoto que leva o mesmo nome da produção, e que enfrenta problemas
com a aceitação por conta de seu peso. Não só a obesidade, mas alguns hábitos
de Terri (Jacos Wysocki) o colocam ainda mais à margem da sociedade colegial em
que se encontra. A amizade com o diretor Fitzgerald (John C. Reilly) aos poucos
ameniza a situação, após ser apresentado à dupla de também excluídos Chad
(Bridger Zadina) – que sofre de tricotilomania, um distúrbio em que o paciente
tem o hábito de arrancar os próprios cabelos – e Heather – garota que sofre
difamação por ter sido flagrada em ‘atos íntimos’ com um garoto dentro do
colégio -. A amizade desenvolvida leva os três personagens, assim como em As Vantagens de ser Invisível, a
experimentar descobertas juntos, unindo alguns que sofrem com exclusão.
Terri e o diretor Fitzgerald; amizade que ajudou o garoto
a combater o preconceito e a auto-aceitação
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Roteiros deste subgênero se tornam cada vez mais
comuns e de sucesso simplesmente por retratarem problemas tão usuais nos dias
de hoje. O culto à autoimagem, embora tenha avançado ao longo dos anos, nunca
pareceu estar tão em alta; e traz junto o preconceito e a exclusão dos que não
se enquadram nos padrões estéticos e comportamentais. Em uma sociedade de
preconceito crescente, trabalhar roteiros que tratem de bullying e problemas de
aceitação pode ser uma receita de sucesso, além de prestar um serviço social ao
combater as formas mais humilhantes de preconceito.
Produção: Expressio Motus Produções
Texto: Felipe Martins
Edição: Rafaela Bez
Imagens: Divulgação
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