21 de setembro de 2013

Não se sinta invisível

Retratar adolescentes e jovens na busca por aceitação nos ambientes acadêmicos e escolares é quase um subgênero do cinema norte-americano. Filmes em que o protagonista sofre por alguma característica ou trauma, e não consegue se enturmar devido à mentalidade fechada, estão cada vez mais corriqueiros e comuns nas telas, escancarando as realidades de muitos jovens da sociedade de atualmente.
O trio de As Vantagens de ser Invisível

            O drama “As Vantagens de ser Invisível” (The Perks of being a Wallflower, 2012)  - adaptação feita por Stephen Chbosky de seu próprio livro, com o mesmo nome - apresenta a vida de Charlie (Logan Lerman), um personagem que encontra dificuldades para se enturmar nos primeiros dias de ensino médio.  A batalha pela aceitação começa a tomar novos rumos após conhecer Patrick (Ezra Miller) e Sam (Emma Watson), meios-irmãos que também estão alternativos ao estereótipo dos adolescentes de escolas norte-americanas.  O grupo – formado por um garoto de bom coração mas sensível às questões cotidianas, uma garota autêntica e independente, e um jovem homossexual que luta contra o preconceito enquanto trabalha a própria identidade – passa a trama vivendo diferentes cenários, que permitem as primeiras experiências para os personagens. Por terem situações de exclusão muito particulares, porém convergentes, o grupo se une rapidamente, e se torna o apoio que cada um tem em um ambiente de preconceito e de difícil adaptação.



              Embora mais comuns, os roteiros relacionados à identidade sexual não são os únicos a trabalharem aceitação e preconceito. “Terri” (2011), do diretor Azazel Jacobs, apresenta um garoto que leva o mesmo nome da produção, e que enfrenta problemas com a aceitação por conta de seu peso. Não só a obesidade, mas alguns hábitos de Terri (Jacos Wysocki) o colocam ainda mais à margem da sociedade colegial em que se encontra. A amizade com o diretor Fitzgerald (John C. Reilly) aos poucos ameniza a situação, após ser apresentado à dupla de também excluídos Chad (Bridger Zadina) – que sofre de tricotilomania, um distúrbio em que o paciente tem o hábito de arrancar os próprios cabelos – e Heather – garota que sofre difamação por ter sido flagrada em ‘atos íntimos’ com um garoto dentro do colégio -. A amizade desenvolvida leva os três personagens, assim como em As Vantagens de ser Invisível, a experimentar descobertas juntos, unindo alguns que sofrem com exclusão.

Terri e o diretor Fitzgerald; amizade que ajudou o garoto a combater o preconceito e a auto-aceitação

          Roteiros deste subgênero se tornam cada vez mais comuns e de sucesso simplesmente por retratarem problemas tão usuais nos dias de hoje. O culto à autoimagem, embora tenha avançado ao longo dos anos, nunca pareceu estar tão em alta; e traz junto o preconceito e a exclusão dos que não se enquadram nos padrões estéticos e comportamentais. Em uma sociedade de preconceito crescente, trabalhar roteiros que tratem de bullying e problemas de aceitação pode ser uma receita de sucesso, além de prestar um serviço social ao combater as formas mais humilhantes de preconceito. 

Produção: Expressio Motus Produções
Texto: Felipe Martins
Edição: Rafaela Bez
Imagens: Divulgação

Nenhum comentário:

Postar um comentário