4 de julho de 2013

A vilã que destrói o ser humano retratada no cinema

As pessoas que apresentam doenças relacionadas ao uso e abuso de álcool e outras drogas são denominadas dependentes químicos, a qual é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e demais órgãos competentes como uma doença grave - equiparando-se ao câncer -, sendo que as pessoas que a possuem precisam ser respeitadas como cidadãos que necessitam de tratamento, explica Therezinha Moura, psicóloga pós-graduada em dependência química e que trabalha no centro de reabilitação e tratamento psicológico, Mosteiro Monte Carmelo.


Personagem de 'Paraíso Tropical' usando ecstasy

No cinema, a temática ‘drogas’ pode ser abordada de diversas formas, desde algo divertido como no filme “Paraísos Artificiais” (Marcos Prado, 2012) até algo que denigre a vida do usuário, como em “Basquiat” (Julian Schnabel, 1996). Beto Carminatti, diretor e produtor curitibano acredita que não cair na tentação de esgotar o tema num único filme ou então cair no fascínio da apologia, “contra ou a favor”, do assunto é o principal para se produzir um bom filme com um tema tão abrangente. “Fugir do falso moralismo e buscar entender os efeitos da droga (lícita ou ilícita) do ponto de vista da saúde, individual e coletiva.”

Um filme que mostra os principais efeitos da droga é “Gia – Fama e Destruição” (Michael Cristofer – 1998) que conta a história de uma modelo que se muda para Nova York, se envolve com a cocaína, e, após problemas amorosos começa a usar heroína, por fim, conseguindo se recuperar dos seus vícios, a modelo contrai AIDS. Therezinha explica que a dependência química ocorre em razão de que as drogas psicotrópicas são capazes de alterar o funcionamento mental e funcional da pessoa. Drogas psicotrópicas são aquelas que atuam sobre o nosso cérebro, alterando nossa maneira de sentir, de pensar e de agir, levando ao uso descontrolado. “Essa é a cruel realidade da dependência química, que não se esgota na pessoa em si, mas compromete o seu contexto, sua família, seu trabalho.”


Rosel Zech ganhou o prêmio de melhor atriz no Munich Film Festival
O filme “O Desespero de Veronika Vöss” (Rainer Werner Fassbinder, 1982) mostra um locutor esportivo que após conhecer a atriz Veronika Vöss começa a investigar o passado da antiga estrela da UFA para descobrir as razões que levaram a atriz a se viciar em morfina. Carminatti ressalta que qualquer profissional que use os meios de comunicação é formador de opinião. “Embora eu não tenha nenhuma resposta espetacular ideológica ou definitiva, o recomendável é levar o telespectador à reflexão. Até porque elementos químicos ou não, que façam a destruição de células humanas para sempre, coisa boa não deve ser.”

De acordo com a opinião da psicóloga, existem filmes que deixam uma mensagem subliminar de que o abuso de drogas é algo comum e faz parte da vida, destacando também que há produções que trazem o lado das perdas reais que o dependente químico vive. “Creio que o cinema pode prejudicar aquela pessoa que, por alguma razão já está fragilizada e propensa ao uso de drogas. Da mesma forma, pode ajudar desde que o telespectador tenha alguém ao seu lado para dialogar construtivamente a respeito.”

Outros exemplos de filmes que retratam as drogas são: “Eu, Christiane F – 13 anos, drogada e prostituida” (Ulrich Edel, 1981), “Diário de um Adolescente” (Scoll Kalvert, 1995), “Meu nome não é Johnny” (Mauro Lima, 2008) e “Réquiem para um sonho” (Darren Aronofsky, 2000).



Produção: Expressio Motus Produções 
Texto: Letícia Duarte 
Edição: Rafaela Bez 
Imagens: Divulgação