19 de abril de 2013

O retrato da traição

Trair é o ato de ser infiel, descumprir o compromisso com o outro. Isso causa indecisão e desprezo, fazendo com que muitas vezes não tem volta este erro. Acaba-se esquecendo, entretanto, que se trai de forma sorrateira e mansa e, ao final, termina-se pedindo perdão para dentro de si, como diz a música Mil Perdões de Chico Buarque: “te perdoo por te trair”.


Cena de Closer, quando os dois traídos se encontram na boate
Atende-se, contudo, para um aspecto ilógico: quando se toma a decisão de permanecer com o outro. Como a personagem de Julia Roberts no filme Closer (Mike Nichols), em que a protagonista Anna (Julia Roberts) é uma fotógrafa que se divorciou recentemente. Ela conhece um romancista, Dan (Jude Law), mas se casa com Larry (Clive Owen). O escritor mantém um caso secreto com Anna, mesmo após ter se casado também.

“Naquele instante inebriante traímos não por desejar o outro, mas por não conseguirmos, em algumas etapas de nossas vidas, entender que o amante é apenas um reflexo de nós mesmos. Aliás, é daí que surgem as falsas verdades: do prazer extasiante de fazermos qualquer coisa para estar com o outro”, explica a psicóloga Adriana Souza.

Outro filme que retrata traições é a trama japonesa de Arika Kurosawa, Rashomon. A história gira em torno de três personagens principais, um casal e um homem; um diz ter estuprado a mulher e prendido o marido para vê-los fazendo o ato, o outro diz que a mulher pediu para ter relações com o homem desconhecido e teria pedido para matar seu marido, além de outro homem que relata sua extrema vergonha em saber que sua mulher havia se deitado com outro. 

Cena de Rashomon que a mulher pede ao ladrão para ela fugir junto com ele 
As histórias são contadas totalmente por olhares japoneses, ou seja, de acordo com sua cultura, que até hoje é preservada, o filme mostra o assunto prezando sempre a honra e dignidade nos relacionamentos.

A psicóloga Carolina Mocelin, relata a influência da mídia e do cinema no imaginário de pessoas que tendem à trair. “A mídia exagera algumas vezes e mostra uma inversão de valores como algo normal, banalizado. Tratam de modo exacerbado fatos que ocorrem no cotidiano de algumas pessoas, como é o caso da traição. Por carência destes ensinamentos familiares, desorientações psíquicas ou até mesmo sem motivo algum, pessoas que tendem a trair tornam-se influenciáveis, e buscam, no cinema e na televisão, como aprender modos com seus personagens, que se tornam seus referenciais, a fim de formar a sua identidade”, conclui.

Produção: Expressio Motus Produções
Texto: Karen Okuyama
Edição: Rafaela Bez e Leticia Duarte
Imagem: Divulgação

2 comentários:

  1. matéria bacana. não poderia estar na cineacademia?
    revisar pontuação.
    obs - "sorrateira e mansa..." hehe

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  2. ah, é bom variar tb o tipo de fonte.
    vcs tem duas psicólogas. isso só se justifica se o que elas declaram for divergente e vcs trabalharem com isso.

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