O conceito de infância se tornou
presente a partir da idade moderna, quando a criança passou a ser vista como um
ser social, de respeito, com suas características e necessidades. Um ser pleno
em construção da sua identidade, cabendo para isto a intervenção pedagógica
para conhecer e construí-la de forma lúdica e criativa, pois é assim que a
criança se conhece e se constrói. Vale-se ressaltar que ser criança e ter
infância são situações diferentes. Segundo a educação pedagógica, a infância
acontece somente quando a criança é tratada como um ser de direitos.
A televisão, os desenhos animados e os
filmes tendem a construir o imaginário da criança, focando em aspectos
ilusórios e fantasiosos, como Conto de Fadas e Super-heróis. Mas afinal, por
que são estes os temas retratados nas imagens cinematográficas? Qual é o
objetivo central de se fazer um filme focado no ilusório?
Marta Pego, pesquisadora na área de
produção cênica e co-formadora da oficina de produção audiovisual e animação
infantil do Ponto de Cultura, diz que o cinema é feito como algo educativo e
“bonito”, para que as crianças recebam uma formação pronta e já “mastigada”,
impedindo elas de utilizar a reflexão. “As animações mais educativas são pouco
vistas pela maioria da população infantil, pois elas exigem um pouco mais de
atenção para o que está sendo transmitido, além de competir com as grandes
produções de animação comercial, que chegam à maioria dos cinemas”, ressalta.
Personagem principal do filme The Lorax |
Pego também cita a falta de incentivo
para que as crianças tenham acesso a outras produções, que possam mostrar
outras possibilidades de reflexão, além do próprio processo de produção
cinematográfico. “A educação de se 'fazer cinema' também é importante, pois
desde a criação de um roteiro até a produção e construção do produto, tudo deve
ser previamente pesquisado e analisado, sempre se questionando: isto é de
grande formação ao público infantil?”, diz. Ainda segundo ela, um novo olhar
sobre a produção do cinema, faria com que as crianças também tivessem um novo
olhar sob o que está sendo ofertado.
A Agência Expressio Motus entrevistou
20 crianças, de 05 à 09 anos, de ambos os sexos, entre os dias 14 e 19 de abril
. Quando questionadas sobre o que mais desejariam ser, levando em consideração
filmes já assistidos, constatou-se que as crianças tendem à assistir filmes que
possuem grande poder publicitário e de grande influência internacional, como as
grandes produções da Walt Disney Studios e DreamWorks Animation, e que 95%
delas referem-se à filmes de fantasia. Os resultados apresentados foram que, de
10 meninos entrevistados, oito desejariam ser algum super-herói, como Batman e
Homem-Aranha, e outros dois desejariam ser personagens de filmes de ação. Já entre as meninas o
resultado foi mais evidente. De 10 garotas entrevistadas, nove gostariam de ser
princesas modernas, que ganham roupas, sapatos, objetos de consumo pessoal e
tem o seu 'final feliz' . Apenas uma desejou ser uma heroína para combater o
mal.
Olisia Neves Lopes, mãe de um menino,
de seis anos, cita que seu filho era fissurado em filmes de super-heróis
modernos e tramas de ação. Ao perceber o comportamento violento e imperativo da
criança, a mãe começou a analisar sua programação. “Percebi que ele assistia
filmes violentos e sem grandes reflexões. A partir desse momento, troquei o
método, mostrando pra ele filmes mais educativos”, diz. Segundo Olisia, uma das
primeiras animações indicadas ao filho foi o filme “MIAU”, de Lothar Barke, a
qual conta a breve história de um gato, que bebia apenas leite, como um gato
comum, mas ao ser induzido a beber refrigerante, torna-se viciado na bebida.
“Além de ser um filme extremamente lúdico, a reflexão que é encaminhada junto
ao filme é de grande ênfase. No início ele não entendeu muito bem, mas após
assistir diversas vezes junto comigo, ele passou a gostar do filme e também a
indicá-lo aos colegas”, conta.
Segundo a pedagoga e pesquisadora na área de educação e imprensa pedagógica,
Talita Giovana da Silva, há filmes para diferentes faixas etárias e cada filme
pode desenvolver diferentes reações na criança. “Um filme ideal deve conter
aspectos que ajudem na formação psicológica, social e cidadã da criança,
apresentando aspectos ecológicos, boas maneiras, cuidar do próximo, relações
familiares e educação alimentar”, ressalta. Um bom exemplo é o filme "The
Lorax", de Chris Renaud e Kyle Balda, que trabalha a questão ecológica de
uma maneira lúdica e ao mesmo tempo educativa.
Produção: Expressio Motus Produções
Texto: Leticia Duarte
Edição: Rafaela Bez
Fotos: Divulgação
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