Ao longo da história da humanidade foi necessário o uso da batalha
física como forma de dominação de povos, conquista de territórios, busca por
supremacia e também por intolerância religiosa. Não há como negar que as
guerras, nos mais variados pontos terrestres, ajudaram a construir culturas e definir
a sociedade como a vemos atualmente, se transformando em fator de estudo e
observação para algumas áreas da educação mundial e também em tema para
criações artísticas, as mais importantes delas, ligadas ao cinema. Como a
história das grandes guerras é muito mais antiga que a arte cinematográfica,
era mais do que esperado que desde sua criação, a sétima arte utilizasse desse
recurso para a criação de alguns de seus melhores roteiros. Caracteriza-se como
cinema de guerra não só aquele que conta a história das grandes batalhas
militares, mas também o cinema focado em cenas de ação e em histórias épicas,
aonde geralmente podemos acompanhar a trajetória de um herói que tem sua vida
retratada na grande tela. Nas produções americanas, as mais recorrentes do
estilo, há também o uso propagandístico do discurso patriota, exaltando as
forças armadas do país e reforçando a ideia de que a vida militar ainda vale a
pena para o jovem americano.
“Apocalipse Now” de 1979, foi rodado na época de ouro do cinema de guerra |
Independente da intenção por trás das produções no estilo, é inegável
que ele cresceu muito rapidamente desde seu início e ganhou respeito entre os
críticos e importância financeira, deixando de ser um espaço para uma sequência
infinita de explosões e mortes e se tornando um espaço de reflexão em torno da
violência que uma guerra causa, além dos motivos que as iniciam. “Apocalipse
Now” de 1979, é um dos principais clássicos do estilo e foi rodado na época de
ouro do cinema de guerra. Conduzido com maestria pelo premiado diretor Francis
Ford Coppola, a obra mistura grandiosas sequências de ação, novidades para a
época, com os questionamentos que cercavam os cidadãos americanos em relação a
necessidade da guerra do Vietnã e suas conseqüências. Com 202 minutos de
duração, indicação de melhor filme e Oscar para edição e Som, a produção abriu
caminho para outras
grande obras do estilo, como Platoon (1986), O Resgate do
Soldado Ryan (1998), Pearl Harbor (2001) e Cartas de Iwo Jima (2006), todos
dirigidos por nomes importantes da história do cinema (Oliver Stone, Michael
Bay e Clint Eastwood, respectivamente).
Em 1999, Roberto Benigni, de "A vida é bela" venceu o de melhor ator |
Mas engana-se quem classifica o estilo
como limitado em termos de roteiro. Ao longo dos anos, o cinema conseguiu
humanizar os personagens dos filmes de guerra e algumas produções começaram a
utilizar este enredo como plano de fundo para o desenvolvimento dramático de
histórias de superação ou até mesmo românticas. Os exemplos mais conhecidos são
A Lista de Schindler (1993), A Vida é Bela (1997), O Pianista (2002) e Forrest
Gump (1994). Todos eles buscam na guerra o recurso de identificação mais óbvio
para o espectador, mas, durante suas construções acabam desviando do tema para
contar a história de um personagem e como a guerra consegue afetar a sua vida e
a dos outros ao seu redor.
Guerra ao Terror, desencadeada pelos EUA a partir dos ataques de 11 de setembro |
Além dos recursos de roteiro, as inovações tecnológicas deram uma nova
cara aos filmes de ação e guerra, cada vez mais utilizando o efeito especial
como uma forma para enriquecer e engrandecer as produções atuais. Apesar da
novidade, é importante que o fator lúdico que ajudou a consolidar o estilo
durante a história do cinema não se perca em meio a tanta tecnologia. Argo
(2012) e Guerra Ao Terror (2008), possuem características atuais somadas ao
tradicional estilo dos primórdios, debatendo outro assunto que também é recorrente
nos filmes do gênero: a política internacional. Com sucesso único, a sétima
arte conseguiu transformar um assunto sério e que já causou tanta tragédia para
a humanidade em tema para a construção de histórias emocionantes e que
questionavam o ser humano e suas ações em sociedade, garantindo a função de
grande mediador das discussões culturais em grande escala e formador de
opinião, que o cinema sempre teve.
Produção: Expressio Motus Produções
Texto: Marcos Marcia
Edição: Rafaela Bez
Imagens: Divulgação
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