10 de outubro de 2013

O processo de montagem e edição por Lucas Negrão

A montagem, ou edição, é um recurso que vai muito além de mero detalhe técnico dentro da produção audiovisual. É a partir dela que se dá ritmo, intensidade condução à uma narrativa. Nesta reportagem, a Cineacademia trouxe Lucas Negrão, formado na Academia Internacional de Cinema e que atualmente atua como editor de cinema e vídeo clipe, além de dar aulas de edição e montagem em uma conceituada escola de cinema de Curitiba.

Para Lucas, o segredo de uma boa edição é começá-la antes mesmo de se ter material para editar. “Antes de qualquer coisa você precisa falar com o diretor do filme. É essencial ter as noções de ritmo e tom que ele quer transmitir.” Ao contrário do que pensa a maioria, o processo de edição acontece junto com o início do filme, não basta apenas receber o material pronto, o essencial é acompanhar o processo desde o início, para se ter uma boa percepção da obra.

Negrão conta ainda que uma das principais dificuldades dentro da edição é “cair de paraquedas” em alguma produção. “Quando o editor só entra no final do processo do filme e fica de fora durante as gravações, você pode notar que faltaram ou sobraram cenas para gravar, o que dificulta muito o nosso trabalho e muitas vezes exige que os roteiristas e diretores alterem o plano de trabalho que já tinham feito”, diz.

Proprietário da Produtora "Destilaria" fala sobre edição
O editor destaca também as obras que o inspiraram e o fizeram pensar mais sobre edição e montagem. “Jogos trapaças e Dois Canos Fumegantes é um filme de 1998 que trabalha a edição como forma de contar a historia. Quando eu conheci o Tarantino vi como ele conduzia suas narrativas, usava muito a edição para ajudar a contar melhor a historia, aí resolvi também me inspirar em sua arte”.

Uma boa edição também é importantíssima mesmo em produções experimentais e de baixo orçamento. A estudante de jornalismo Thaís Reis Oliveira, ressalta o valor da montagem em projetos desse tipo. “O cuidado com a edição é uma das principais maneiras de contornar as adversidades de filmes feitos com pouca estrutura. Uma montagem dinâmica e bem resolvida pode ser decisiva ao êxito de uma produção aparentemente pobre em recursos materiais”, comenta. Thaís produziu alguns curtas-metragens, também editados por ela.

Das obras que tem em seu currículo, Lucas Negrão destaca “Corpos Celestes” de Marcos Jorge e Fernando Severo. “Nessa produção eu fiquei, na verdade, como assistente de edição, que faz um trabalho mais braçal mesmo, mas eu pude aprender muito com o editor Mark Robin, que já tem alguma bagagem nesse meio, o que me enriqueceu muito”.

Jogos trapaças e Dois Cantos Fumegantes, de Guy Ritchie
Além dessa, que talvez tenha sido a produção com maior visibilidade da qual Lucas participou, ele também destaca um longa de produção totalmente paranaense. “Eu fui editor do longa 'Eva' ”. Esse filme foi feito com R$ 2 mil, um orçamento baixíssimo. Mas, isso me fez entender que não precisa de muito dinheiro, e sim força de vontade, para dar vida a algum projeto que você acredite”.

Apesar de importantes, não são os softwares usados em uma edição que irão torna-la melhor ou pior. “Os softwares estão aí para nos servir, nós é que devemos usar deles e não o contrário. Ter o domínio do programa me ajuda a ter agilidade no que eu estou fazendo, mas de forma alguma vai interferir na qualidade final do minha produção”.

Ao final, Lucas deu dicas de como se fazer uma boa edição: primeiramente, conheça a obra por inteiro, converse com o diretor e participe do processo. Segundo, faça uso de um material que você tenha facilidades de manuseio, pois ela te auxiliará em suas ideias e terceiro, abuse da criatividade.

Produção: Expressio Motus Produções
Texto: Kamilla Ferreira
Edição: Rafaela Bez
Imagens: Rafaela Bez e Divulgação

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