22 de maio de 2013

Das belas artes ao sistema econômico: o consumo e o capitalismo no cinema


Atualmente, o modelo de economia dominante é o capitalismo, que surgiu no século XIX denominado como liberalismo. Esses modelos econômicos visam o lucro, a obtenção da propriedade privada e dos meios de produção e, segundo Karl Marx, a divisão de classes. Atrelado a este sistema está o consumo, maneira pela qual o ser humano disfruta de suas necessidades, sendo elas básicas ou desejáveis.

Guevara e seu irmão Raul, na guerrilha
No cinema, o capitalismo e o consumo são muito discutidos, seja como modo de crítica ou como produto mercadológico, que induz ao consumismo e a obtenção de produtos.

O filme Margin Call – O Dia Antes do Fim (2011), de J. C. Chandor, retrata o capitalismo partindo do princípio da crítica e reflexão sobre os problemas causados pelo modelo econômico. A trama se inicia com a demissão em massa em um banco de investimentos, focando no chefe responsável pela gestão de riscos, Eric Dale (Stanley Tucci), que se preocupa com um estudo que planejou sobre as ações irregulares da empresa. As análises são repassadas para o jovem Peter Sullivan (Zachary Quinton), engenheiro especialista em propulsão, mas que atua no mercado financeiro. O filme busca retratar, por meio da ficção, momentos críticos pelos quais passaram as instituições financeiras norte-americanas durante a crise de 2008.




O economista, integrante do Instituto Humanitas Unisinos (IHU) e membro do corpo docente da Universidade Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), Gilberto Faggion ressalta a maneira na qual o capitalismo e o consumo são retratados no cinema. “Em filmes que o capitalismo e o consumo são abordados de maneira crítica, podemos analisar os aspectos técnicos do mesmo. Em filmes como Margin Call (J. C. Chandor – 2011) e Inside Job (Charles Ferguson – 2010), as decisões e debates feitos sobre o tema, geralmente são feitos em ambientes escuros, tenebrosos e sombrios, que de maneira objetivada ou não induz à ideia de que a ação retrata o momento em que o atual modelo vive: de crise e decadência”, diz.

O capitalismo também pode ser abordado de maneira contrária, ou seja, pode ser representado pelo lado oposto, como as lutas sociais por igualdade e justiça e mostrando sistemas econômicos contrários como o comunismo e o socialismo. Um filme que representa esta maneira de abordagem é o filme Che (2008), do diretor Steven Soderbergh, que conta a história de um jovem médico, Ernesto "Che" Guevara (Benicio Del Toro), e seu irmão Raul (Rodrigo Santoro). Guevara era argentino e tinha como objetivo ajudar a derrubar o governo ditador de Fulgêncio Batista em Cuba. Ele se integrou à guerrilha, participando da luta armada pela igualdade e justiça entre os povos.





Sociólogo graduado pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), Jonas Jorge da Silva lembra a maneira como os espectadores absorvem o tema capitalismo e consumo nos filmes e em outras abordagens midiáticas. “A concepção do ser humano através desse tipo de tema é redundante. Da mesma maneira que ele absorve a crítica e define que o consumo exacerbado o prejudica, ele também absorve a indução de produtos retratados pelo cinema, consumindo-os, muitas vezes”. De acordo com a análise social de Silva, o espectador pode adquirir consigo tanto a crítica como a persuasão do tema.

Produção: Expressio Motus Produções
Texto: Rafaela Bez
Edição: Rodolfo Kovalski
Imagens: Divulgação

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